Aventuras no Deserto da Namíbia: Sossusvlei e Deadvlei

Rundu

Entramos novamente na Namíbia e paramos onde não devíamos, em Rundu. Já nos tinham avisado: - não parem, é perigoso. Também nos parecia arriscado, mas com a nossa teimosia, não ouvimos a razão. Chegamos com a cortina da noite a cair perigosamente rápido e a esconder os perigos. Parecia uma cidade fantasma, silenciosa, esquecida e sonolenta. Na verdade, parar aqui não foi propriamente uma escolha, foi uma necessidade. O jipe já não tinha combustível para continuar e nós não tínhamos comida para calar os roncos que já se ouviam no estômago.

Infortúnios na estrada

Estacionamos a máquina cansada e entramos no primeiro supermercado que nos apareceu. Uns minutos depois, ainda com o cesto das compras completamente vazio, ouvimos: - roubaram o carro dos brancos! - Desato a correr aterrorizado e só fiquei ligeiramente aliviado quando os meus olhos encontraram o jipe - imaginei o pior, que tivessem literalmente mafiado a viatura. Menos mal, pensei! Partiram um vidro, cativaram o telemóvel da Joana e usurparam uns trocos... - Bem vindos a Rundu, disse-nos uma voz por cima da multidão agitada que, entretanto, se formou para testemunhar o acontecimento. Nisto, um grupo de rapazolas gingantes perguntam se não quero ajuda para correr atrás dos bandidos: - nós sabemos onde eles vão para vender os valores. Achamos melhor não... um azar nunca bem só! Fomos antes à esquadra da polícia apresentar queixa.

As autoridades!

A Ana, que falava melhor inglês, explicou o nosso infortúnio às autoridades. - "Isso acontece muito aqui, sabem? Infelizmente, o nosso datilógrafo hoje não está. Passem cá amanhã cedo e tenham mais cuidado, aqui não se podem descuidar." Foi então que eu fiz a pergunta que já me queimava na garganta: E, porque não escrevem o relatório à mão? - Porque já é tarde e, além disso, o comandante não está para autorizar. Se não estivéssemos de mau-humor e zangados com a situação até nos tínhamos divertido. - Sr. polícia, visto que não pode fazer nada por nós, sabe de algum parque de campismo onde possamos pernoitar sem sermos incomodados e separados do resto dos bens? Afinal o tempo, aqui, não foi completamente perdido - o homem sabia.

Acordamos de manhã, agradavelmente desiludidos com o parque e já em paz com o facto: não há nada a fazer, os nossos haveres foram lapidados para sempre. Como Rundu não tem nada para ver ou fazer, tratamos da logística e seguimos caminho, seguimos nós e a "cautela", aquela que nos foi prudentemente aconselhada.

Continua...

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