Um Natal diferente e Inesquecível em Essaouira, Marraquexe e Fez
Uma escapadinha a Marrocos em Dezembro para fugir ao frio do Reino Unido. Duas semanas em Essaoira, Marraquexe e Fez - uma viagem à alma mais autêntica de Marrocos.
AFRICA
daniel ribas
1/7/20253 min ler
Duas Semanas a Fugir do frio: Marrocos
Quando os dias curtos, as manhãs geladas e os céus cinzentos do Reino Unido se colam à pele como um casaco de lã húmido, é hora de partir. Em Dezembro, Marrocos não está em época alta, e isso é ótimo para nós. Durante duas semanas percorremos Essaoira, Marraquexe e Fez — uma tríade que nos abriu a porta de uma outra dimensão. O corpo aquecido, os sentidos em festa, e a alma, essa, perdida entre os cheiros, os sons e os silêncios de uma terra que não se vê, sente-se.
Essaoira: A Brisa que Acalma
Começámos a Essaoira, onde o vento tem nome e personalidade. A Medina, com paredes caiadas e janelas azuis, cheira a mar e a especiarias. Há gatos por todo o lado — donos silenciosos da cidade — e homens que oferecem chá à sombra das arcadas, sem pressa de vender nem de partir. Aqui, tudo parece suspenso entre a terra e o mar.
Alugámos um quarto simples com vista para os telhados e o oceano. As gaivotas gritavam antes do nascer do sol e, com elas, acordava a cidade. Foram dias de lentidão deliciosa: cheiro a peixe grelhado no porto, passeios infindáveis na praia e longas conversas sobre tudo e nada à volta de uma tajine fumegante. À noite, o frio chegava de mansinho, mas não o suficiente para nos recordar Londres. Ainda não.
Marraquexe: Um Murmúrio em Fúria
A chegada a Marraquexe foi um choque eléctrico. Se Essaoira era um poema, Marraquexe é uma canção frenética. A Medina pulsava como um coração ao rubro, cada rua uma veia, cada esquina uma síncope. As motoretas passavam rente, os vendedores falavam como quem canta, e o cheiro a cominho misturava-se com o fumo dos escapes e a doçura do chá de menta.
Perdemo-nos — claro. E voltámos a perder-nos. Mas foi assim que descobrimos os pequenos pátios com mosaicos impossíveis, os pombos nas fontes, as crianças a brincar descalças e os cafés escondidos com terraços suspensos sobre a confusão.
Fomos aos jardins Majorelle, que são tudo menos marroquinos, e ainda assim, indispensáveis. E de noite, a praça Jemaa el-Fna iluminava-se como uma constelação terrestre — cobras encantadas, tatuadoras de henna, músicos nómadas e grelhadores que ardiam como fogueiras cerimoniais.
Marraquexe tem um som — talvez um lamento, talvez um riso — e ficámos com ele colado à pele, como poeira fina.
Fez: A Viagem Interior
Fez foi o final perfeito. Não é uma cidade fácil. É densa, labiríntica, e parece esconder mais do que mostra. Mas se Marraquexe é sedução, Fez é mistério. Aqui, as portas falam e os becos têm memória.
A medina mais antiga do mundo não se deixa fotografar facilmente — exige entrega. As cores são mais gastas, os sons mais secos, mas a autenticidade é avassaladora. Visitámos uma madraça onde o silêncio fazia eco, uma tinturaria onde a cor ainda nasce do suor, e um terraço onde os minaretes desenhavam sombras sobre um mar de telhados ocres.
Foi aqui, na lentidão dos passos, que compreendemos: esta viagem não foi uma fuga ao inverno. Foi uma peregrinação. Ao calor, sim — mas sobretudo à autenticidade, à diferença, à verdade que se esconde nas entrelinhas de uma cultura tão rica quanto contraditória.
Conclusão
Uma viagem de duas semanas em Dezembro a Marrocos é uma escolha vencedora. Se fores amante de culinária, um entusiasta pela história ou ávido por aventuras ao ar livre, Marrocos tem algo de especial para te oferecer. Não percas a oportunidade de explorar cidades marroquinas encantadoras e criar memórias que durarão a vida toda.
Um natal diferente em Marrocos
Uma escapadinha ao mundo arabe

Gallery
Férias em Marrocos - Essaoira, Marraquexe e Fez, Dezembro de 2024

