Regressar de Férias ao Meu País de Origem
A inevitável experinêcia que é regressar de férias ao país de origem, neste caso - Portugal. Explorar aldeias perdidas no tempo, admirar a beleza do granito e xisto, e reencontrar o contraste entre a tranquilidade do campo e a vibrante vida das cidades.
EUROPA
Daniel Ribas
8/1/20204 min ler
O regresso
"Nunca voltarei porque nunca se volta. O lugar a que se volta é sempre outro." Fernando Pessoa 🇵🇹
A vida corria com normalidade, apesar do Brexit, mas depois veio o “big bang” e o mundo mudou. Eu fiquei desorbitado e privado de muitas coisas. No entanto, a pandemia, também me devolveu o tempo e, com ele, a responsabilidade de o aproveitar da melhor maneira. Mas, para quem, como eu, gosta de esbanjar o tempo à larga em viagens, o confinamento é um garote nas duas pernas. Eu gosto de namorar os dois, tempo e espaço, assumir com eles o poliamor, mas neste contratempo, encontro-me agora privado de um e só tenho o outro… é como se o covid-19 fosse um mensageiro a dizer-me: o tempo é o privilégio que separa os vivos dos mortos – aproveita. Por tanto, agradecido, por ainda ter tempo, fiquei em casa, como as pessoas sensatas. Preso a uma existência domiciliária, todas as manhãs, na tranquilidade do meu jardim, cogitava fórmulas herméticas para controlar o controlável – como passar o tempo? As primeiras ideias, desabrocharam quase tão depressa como as ervas daninhas, e embora interessantes, eram sobretudo, imprudentes e, provavelmente, ilegais também!
Escrever um livro!
Uma semana depois, o ar parecia mais puro, as cores mais vivas, mas as noites mais escuras, talvez porque as estrelas cintilavam agora com mais brilho! Nas ruas, carros em silêncio e no céu aviões ausentes! O mundo todo parecia suspenso e, neste intervalo vazio, germinaram outro tipo de ideias, mas infelizmente todas elas a sugerir atividades de quase morte cerebral: assistir a matinés no Netflix; viver no Instagram, de forma prolixa, a felicidade dos outros; envolver-me em guerras no Twitter; ingerir notícias falsas na maior fábrica de produção de teorias conspiratórias do mundo – o Facebook; acompanhar as novidades sempre obsoletas da “geração Z” no TikTok… depois, com a frustração e algumas nuvens já a pairar sobre mim, engoli um café forte e continuei com a minha indagação. Enquanto esperava por uma ideia menos depressiva, abri oYouTube e, por qualquer razão desconhecida, o algoritmo desta plataforma sugeriu-me, quase exclusivamente, os canais dos chamados “especialistas” em criptomoedas. Estes evangelistas do cripto-reino-digital; curiosamente, quase todos eles, com menos anos de escola que a Greta Gutemberg, proclamam que a montanha-russa do dinheiro digital é uma oportunidade única – ganhar é fácil e perder é difícil… aliás, só perde quem ficar para trás ou então sair do carrossel na hora errada; de cabeça para baixo. Por quantos vencedores ou bit-milionários, quantos perdedores existem? Isso não dizem! O meu vizinho, o Ian, viveu na América, e lá, frequentava um bar, mas não era um bar qualquer – tinha a particularidade de aceitar bitcoins, um dos primeiros no mundo. O Ian, pagava, alegremente, cerca de uma bitcoin por cada litro, mas agora, 10 anos depois, mais coisa menos coisa, adivinhem quem é que precisa de terapia só de pensar nos milhões que esbanjou em copos? Por aquilo que ele me conta à cerca deste casino digital, dá-me a impressão que se trata daquele jogo em que aqueles que entram na hora certa julgam-se génios e aqueles que saem na hora errada julgam-se estúpidos!
Depois, já aborrecido, com os youtubersda moda, fingia ler o tabloide “The Sun” e tentava lembrar-me: quando é que foi a última vez que abri um jornal e não tive vontade de chorar? Entretanto, as nuvens ficaram mais carrancudas e fizeram-me o favor de destruir o jornal, eu corri para dentro de casa e, foi, então que tropecei na ideia peregrina de escrever este livro… já que não posso viajar, porque não escrever sobre as minhas viagens? Não me interpretem mal, seria igualmente uma grande perda de tempo, mas pelo menos teria o prazer de revisitar os lugares onde fui feliz e, não dizem por aí que recordar é viver? Comecei, então a viajar nestas páginas e, apesar de o confinamento ainda ser obrigatório, libertei o meu espírito. Mas, no início não foi fácil. Tive de vender a televisão e desligar as notificações do WhatsApp, do correio eletrónico e cancelar o Spotify – o mundo moderno tem muito ruído! O meu único compromisso era com a escrita, no entanto, sem prática, só ocasionalmente recrutava o cérebro antes de teclar! Depois marralhava comigo, empregando astúcias para convencer e apaziguar o meu espírito-critico. Em casa, a vida caiu numa nova rotina, no entanto, a mente estava mais conturbada que nunca, não só pela escrevedura, mas também pelos dias contidos e pequenos, de tal forma que fui forçado a refugiar-me em ideias tão profundas que se não fosse resgatado pela sensatez da Ana perderia mesmo o pé. Aliás, a Ana nunca me permitiu desistir, principalmente, das tarefas domésticas e da monda no jardim. Curiosamente, foi no terreno fértil deste marasmo que este livro floresceu!
Para continuar a ler, por favor, comprar o livro “amor viajante“
🇵🇹: https://www.livrariaatlantico.com/nao-ficcao/amor-viajante








Amor Viajante
Para quem gosta de ler e não só porque as fotografias também não são assim tão más! 📚
