Uma Aventura Romântica em Zanzibar: Oito Dicas para Aproveitar o Sol no Mês das Chuvas

AFRICA

Daniel Ribas

5/12/20254 min ler

Zanzibar na epoca das chuvas

A ideia surgiu como surgem os amores de verão, inesperada e avassaladora — Zanzibar. Nós e as chuvas torrenciais de abril numa ilha africana com cheiro a especiarias e a maresia.

Chegámos a Zanzibar com uma mala leve, protetor solar fator 50, estragado — como viríamos a descobrir, mas só mais tarde e na pior altura, e uma convicção ingénua de que no paraíso nada corre mal. À saída do aeroporto, uma brisa doce e salgada abanou as palmeiras e a Ana olhou para mim e disse: "Isto cheira a férias... ou a peixe seco?" No entanto, o culpado era eu porque a viagem demorou dois dias...

Mudando a Perspectiva: O Que Fazer quando Chove

Instalámo-nos num pequeno hotel no coração de Stone Town, um labirinto de artérias estreitas onde motas e peões pedem licença para passar, e edifícios históricos com varandas de madeira trabalhada a pedir tréguas ao tempo. As portas, imponentes e ricamente decoradas, contam histórias de sultões e mercadores de escravos, de piratas e exploradores.

Ficámos num quarto com vista para um minarete e acordávamos todos os dias com o chamamento para a oração, que parecia um canto hipnótico misturado com um alarme de incêndio. Mas era bonito. Zanzibar tem essa estranha capacidade de ser tudo em simultâneo: barulhento e calmo, doce e picante, turístico e autêntico. Durante o dia — especiarias e maresia, ao anoitecer, quando a cidade se acalmava e ganhava um ar misterioso e sedutor — passeios de mãos dadas pelas ruelas da cidade e conversas ao luar, partilhando sonhos e planos para o futuro.

Mas Zanzibar não é só Stone Town. Apanhamos um transporte publico local e lançámo-nos à descoberta da ilha. As estradas, nem sempre em bom estado, parecem serpentes que se estendem por entre plantações de especiarias, aldeias piscatórias e praias de uma beleza quase irreal. O ar enche-se com os risos das crianças que corriam ao nosso encontro, acenando com um "Jambo!" contagiante.

Momentos Românticos à Luz das Velas

Nos primeiros dias, explorámos as praias do norte, Nungwi e Kendwa. A água parecia um postal ilustrado, daquelas que só existem em screensavers antigos ou sonhos febris. Nadámos tanto que já parecíamos golfinhos. A Ana queria experimentar paddle board e eu fui atrás. Uma hora depois, ela planava sobre as ondas e eu parecia um flamingo cor-de-rosa manco a tentar equilibrar-se num tronco instável.

Claro que nem tudo foram rosas. Como em todas as nossas viagens, as peripécias não podiam faltar. Numa manhã, decidimos fazer snorkeling. O mar, de um azul-turquesa inacreditável, prometia um mundo subaquático deslumbrante. E cumpriu. Peixes coloridos dançavam à nossa volta, corais de formas caprichosas pintavam o fundo do mar e até avistámos uma tartaruga marinha a nadar tranquilamente, indiferente à nossa presença. A Ana, extasiada, não parava de fotografar com a sua câmara subaquática. O problema surgiu quando o motor do barco decidiu dar o último suspiro, deixando-nos à deriva, a algumas milhas da costa. E assim ficámos ali, a ver o céu incendiar-se de cor de laranja e violeta, com um motor calado e o coração cheio. A Ana deitou a cabeça no meu ombro e disse: “Se ficássemos aqui para sempre, ninguém nos encontrava.” E eu só respondi: “Não seria o pior sítio para desaparecer.” O pânico instalou-se por momentos entre os outros turistas, mas o nosso capitão, um zanzibari com a calma dos homens do mar, lá conseguiu, depois de muitas tentativas e alguns impropérios em suaíli, pôr a máquina a funcionar novamente. Chegámos a terra já o sol se punha, cansados, mas com mais uma história para contar...

Na última noite, fomos a um daqueles restaurantes em cima da areia. Pedimos cocktails com nomes exóticos e comida que não sabíamos bem o que era, mas sabíamos que vinha com arroz. Dançámos descalços na praia, ao som de música arabista misturada com afro beat. A Ana tirou os sapatos e dançou com uma leveza que me fez esquecer tudo o que estava para trás.

E quando, já de regresso a Stone Town, perdi-me mais uma vez a tentar comprar especiarias no mercado, a Ana apareceu por detrás de uma barraca de cravinho e disse: “Sabes, se não te perdes, não encontras nada novo.” E eu percebi — o mais importante desta viagem não foi a areia branca, nem o mar turquesa, nem os polvos inteligentes. Foi continuar a encontrar-me nela, mesmo quando eu me perco em todo o resto.

As duas semanas voaram, como sempre acontece quando somos felizes. No dia da partida, enquanto o avião levantava voo e a ilha se tornava um ponto verde no imenso azul do Índico, a Ana encostou a cabeça no meu ombro. "Já tenho saudades", disse, e eu também. Zanzibar tinha-nos conquistado, com a sua beleza selvagem, a sua história, o seu povo acolhedor e, acima de tudo, com a sua capacidade de nos fazer abrandar o passo e apreciar a magia do instante.

Dicas e sugestoes

Um eSIM dá muito jeito, funciona em toda a ilha, é pratico e até mais barato que o físico - https://www.airalo.com/

O seguro de saúde é obrigatorio, mas tem de ser aquele que o governo de Zanzibar recomenda - https://visitzanzibar.go.tz/

Próximo destino: Viajar nos livros...

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Um destino de sonho

Ana e Dani em Zanzibar, Abril de 2025